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Destaques

STF julgará nesta quinta se aposentado que volta ao trabalho pode alterar benefício Ministros vão analisar a chamada 'reaposentação'. Decisões judiciais têm autorizado a medida, mas palavra final sobre o tema caberá ao STF. Ministros do STF reunidos no plenário do tribunal — Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF O Supremo Tribunal Federal ( STF ) julgará nesta quinta-feira (6) se cidadãos aposentados que voltam ao mercado de trabalho podem alterar o benefício. Durante a sessão, os ministros vão analisar a chamada "reaposentação", isto é, a substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa. Na  "reaposentação" , o tempo de serviço e o salário de contribuição anteriores à aposentadoria não entram na revisão do cálculo. Isso porque as contribuições ou o tempo de serviço posteriores à primeira aposentadoria são, por si só, requisitos suficientes para que o trabalhador obtenha um benefício com valor maior que o primeiro.

Grupo cearense propõe nova forma de viver em sociedade sem dinheiro

Rosa Fonseca e Maria Luiza Fontenele estão à frente do projeto da "Sociedade sem Dinheiro" (FOTO: Crítica Radical)
Rosa da Fonseca e Maria Luiza Fontenele, ex-prefeita de Fortaleza, estão à frente do projeto da “Sociedade sem Dinheiro” (FOTO: Crítica Radical)
“Uma sociedade com outra relação social”. É assim que define a ex-vereadora e líder do movimento Crítica Radical, Rosa da Fonseca, o projeto “Sociedade sem Dinheiro”. Baseado em estudos da obra de Karl Max, um grupo pretende viver uma experiência inédita no Ceará. “As pessoas falam de Canudos e do Caldeirão, mas é uma experiência diferente e na modernidade”, considera Rosa.
A previsão para tudo estar pronto é ainda no primeiro semestre de 2014. “Não queremos somente nos alimentar melhor ou ter um contato maior com a natureza, mas estabelecer uma nova relação, baseada na partilha. Não queremos voltar para a pré-modernidade, nem para o escambo, porque quando você fala em troca, você pressupõe valor. Queremos romper com isso. Nosso objetivo é a emancipação humana”.
Ideia
Ainda na década de 1980, um grupo sonhava em viver em uma comunidade onde o valor e o dinheiro não influenciassem a vida das pessoas. Diretamente de Fortaleza, esses jovens fizeram contatos com pessoas de outros países, principalmente da Alemanha, que mantinham o mesmo objetivo e estudos convergentes. Durante a década de 1990, criticaram o capitalismo e o socialismo, por um dar prosseguimento a lógica da exploração.
Mas foi em 2013, ao passar de mais de 20 anos, que eles decidiram colocar na prática o que já se pensava antes. “Tivemos a experiência na luta do Cocó, quando ficamos acampados em uma relação totalmente horizontal, em que tudo era decidido em consenso. Raramente se fez alguma votação. Durante 84 dias, o acampamento se manteve com o apoio das pessoas”, relembra Rosa.
Encontro dos interessados em fazer parte do projeto acontece todo sábado (FOTO: Crítica Radical)
Encontros dos interessados em fazer parte do projeto acontecem aos sábados (FOTO: Crítica Radical)
Em entrevista ao Tribuna do Ceará, a ex-vereadora e professora conta sobre a combinação entre natureza e tecnologia utilizadas no acampamento, que devem um dia ser utilizadas no projeto da “Sociedade sem Dinheiro”. “Trouxeram um gerador para termos energia. Foi feito um banheiro seco, já ia sendo montado um forno solar. Isso tudo usando tecnologia. Uma pessoa já ia emprestar uma placa de energia solar para captarmos. Podemos usar a tecnologia, porque ela é um fruto da humanidade, que deve ser usada em outras lógicas, não só a do capitalismo”.
Para Rosa, a experiência foi determinante para colocar em prática a ideia já antiga. “Chegou a hora de dar o passo adiante”, pontua. A partir daí, os integrantes do Crítica Radical e mais outro grupo de pessoas – que acamparam ou não no Cocó – se reuniram para formar o novo conceito de sociedade. Porém, onde morariam? Uma comissão de cinco pessoas foi montada para responder a essa pergunta.

Depois de muita procura, o grupo achou um terreno de 55 hectares em Cascavel, que custa R$ 583 mil (FOTO: Crítica Radical)
Depois de muita procura, o grupo achou um terreno de 55 hectares em Cascavel, que custa R$ 583 mil (FOTO: Crítica Radical)
A ideia era morar perto da capital, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), para não ficar longe dos movimentos sociais e não se tornar uma comunidade fechada. A partir daí, foi dada a largada para a procura de um terreno fértil, para que pudessem plantar seus alimentos, e com boa localização.
Após a decepção com algumas ilusões, foi com a ajuda de corretores que 55 hectares em Cascavel – a 62 quilômetros de Fortaleza – se tornaram um “achado” na vida desse grupo. O que não esperavam é que outro comprador apareceria, o que aceleraria a busca pelo dinheiro para quitar os R$ 583 mil.
Em menos de um mês (de novembro para dezembro), o grupo arrecadou R$ 110 mil para dar entrada. Com mais iniciativas, doações e partilhas, mais R$ 95 mil foram pagos no último sábado (1º), fechando a primeira parcela que garante a posse do terreno. Agora, começa uma nova temporada de esforços para angariar o restante.
Desafios
Os desafios são vários. Onde dormir? Onde realizar as necessidades fisiológicas? E a comida? E a água? E a internet? Aos poucos, o grupo vai descobrindo e aprofundando as formas de lidar com eles. “Durante algum tempo, vamos precisar de dinheiro”, reconhece Rosa. A princípio, a ideia é conseguir o dinheiro com partilhas e contribuições, sem precisar vender nada.
Para solucionar as questões, o grupo procurou pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Estadual do Ceará (Uece) para tirar dúvidas sobre o cultivo de hortaliças, além da criação de peixes e outros animais. “Tem um olho d’água, estamos vendo se podemos utilizar a água de lá”, ressalta. Mesmo assim, Rosa admite que terão que recorrer a energia elétrica e internet pagas de imediato. “Estamos num processo. Nada é determinado. É um processo que vai se transformando”.
Sobre uma sociedade híbrida, em que pessoas queiram ter uma ocupação ou estudarem, Rosa explica que essa questão não foi aprofundada. Entretanto, ela garante que haverá um núcleo que não terá um vínculo mercantil.
Perspectivas
“O povo fala: ‘Mas isso é um absurdo. Sem dinheiro, a pessoa não vive’. E isso é que é um absurdo: a pessoa precisar de dinheiro para viver”. Com esse pensamento, Rosa espera que a “Sociedade sem Dinheiro” se expanda. Além disso, outros grupos de diferentes lugares, como em Maranguape, já entraram em contato querendo criar ramificações da experiência. “Vamos lá”, se empolga Rosa.
“E se não der certo?”, pergunto. Com a pergunta, Rosa faz um semblante de dúvida e revela: “Não pensamos nisso. A gente aposta que vai dar certo”. Se vai dar certo ou não, só o futuro dirá.
Reuniões
Os interessados em participar da “Sociedade sem Dinheiro” devem participar das reuniões do grupo que acontecem todo sábado, a partir das 9h. Como o local dos encontros pode mudar, as dúvidas são tiradas pelos responsáveis do Crítica Radical. Telefone para contato é: (85) 3081.2956 / 3081.2960.
Fonte: Tribuna do Ceará

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