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STF julgará nesta quinta se aposentado que volta ao trabalho pode alterar benefício Ministros vão analisar a chamada 'reaposentação'. Decisões judiciais têm autorizado a medida, mas palavra final sobre o tema caberá ao STF. Ministros do STF reunidos no plenário do tribunal — Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF O Supremo Tribunal Federal ( STF ) julgará nesta quinta-feira (6) se cidadãos aposentados que voltam ao mercado de trabalho podem alterar o benefício. Durante a sessão, os ministros vão analisar a chamada "reaposentação", isto é, a substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa. Na  "reaposentação" , o tempo de serviço e o salário de contribuição anteriores à aposentadoria não entram na revisão do cálculo. Isso porque as contribuições ou o tempo de serviço posteriores à primeira aposentadoria são, por si só, requisitos suficientes para que o trabalhador obtenha um benefício com valor maior que o primeiro.

Testes mostram que produtos para alisar cabelos ainda liberam formol

As promessas de escovas permanentes que deixam os fios mais bonitos sem fazer mal à saúde, e que seriam permitidas até para crianças e grávidas, são falsas. (Foto: Reprodução/Fantástico/TV Globo)
Promessas de escovas permanentes que deixam os fios mais bonitos sem fazer mal à saúde, e que seriam permitidas até para crianças e grávidas, são falsas.

O Fantástico faz outro alerta importante para as mulheres. Dessa vez, para aquelas que gostam de deixar os cabelos lisos.

Nas feiras de cosméticos, muitas ofertas de produtos revolucionários para deixar os cabelos mais lisos.

Fantástico: E não tem formol?
Representante: Não, não tem formol.
Representante: Você pode tá usando tanto em grávida quanto em criança.

Essas fórmulas vão parar em salões por todo o Brasil.

Fantástico: Mas sem formol alisa?
Salão: Alisa, às vezes até mais que uma com formol.

Salão: Essa aí não faz mal nenhum. É pronto pra criança. Até mulher grávida usa.

Salão: É que todo mundo procura porque pode fazer em grávida.

Confiando na palavra de fabricantes e cabeleireiros, consumidoras usam os produtos nelas próprias e até nas filhas pequenas.

O que o Fantástico mostra é um alerta:  as promessas de escovas permanentes que deixam os fios mais bonitos sem fazer mal à saúde, e que seriam permitidas até para crianças e grávidas, são falsas.

Por trás desses rótulos, estão substâncias que liberam o componente mais perigoso, e proibido,  em tratamentos nos cabelos. O formol está de volta. Só que agora, escondido.

Em 2009, a Anvisa proibiu a venda do formol em estado puro.

Justamente pra evitar que ele fosse usado para alisar cabelos. Mesmo assim, a substância tóxica continuou sendo aplicada nos salões, como o Fantástico mostrou em janeiro do ano passado.

O formol faz mal. Pode provocar diversos problemas de saúde, queimaduras no couro cabeludo, irritação no nariz e na garganta e até câncer, em casos extremos de intoxicação.

“As pessoas, depois de tanto usar formol indevidamente, depois de corretamente as autoridades sanitárias proibirem formol, elas sabem que ele é perigoso”, destaca o professor de química da UFRJ Daniel Barreto.

Pra driblar essa proibição do formol e reconquistar a confiança das consumidoras, começou uma correria dos fabricantes atrás de um substituto. E aí entraram em cena novos produtos, vendidos como a solução mágica para ter cabelos lisos e sedosos sem causar danos à saúde.

Foi o que nossa equipe ouviu em salões no Rio de Janeiro e numa das maiores feiras de cosméticos do Brasil, em Belo Horizonte.

Representante: Não tem formol e nem derivados! E pode ser feito em cabelos de criança, lactantes e mulheres grávidas!

Os novos tratamentos, que não são chamados de alisamentos, recebem diversos nomes: redução de volume, domador de cachos, alinhamento dos fios, máscaras hidratantes e até botox capilar.

Num estande, o produto é aplicado numa menina de dez anos.

Representante: Está ardendo o olho? Pode falar, está ardendo o olho? Está com vergonha? Não? Então fala, não tá ardendo o olho!

Num outro, um cartaz anuncia: a perfeição do liso sem formol para crianças e grávidas.

Mas qual o segredo por trás desse liso? O Fantástico comprou alguns dos produtos mais procurados no mercado com essa finalidade.

Sete produtos foram testados pela faculdade de farmácia e pelo Instituto de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Depois de dois meses, tivemos os resultados e eles são preocupantes.

“A gente, como profissional, a gente tem que confiar em quem, então?”, questiona uma cabeleireira.

Teste nas marcas

O formol, que é perigoso pra saúde, está escondido, disfarçado. É o que mostra um teste encomendado pelo Fantástico.

Salão: “Não causa irritação, não é igual ao formol, tá?”.

Mas os testes feitos a pedido do Fantástico mostram que não é bem assim.

Durante dois meses, vários produtos que prometem alisar, hidratar, diminuir os cachos, reduzir o volume do cabelo foram testados no  laboratório da UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro. E os resultados são assustadores.

“Alguns fabricantes eles acrescentam substâncias que, quando aquecidas, com chapinha ou secador, liberam o formaldeído, que é o formol na forma gasosa”, explica a professora de oxicologia Nancy dos Santos.

A doutora da UFRJ conduziu os testes com produtos de sete marcas. São elas: Duetto, Gk hair, Inoar, Ky charme, Lola cosmetics, Salvatore e Santini.


A Salvatore, fabricante do Blue Gold, entrou com uma medida judicial, proibindo que o Fantástico divulgue o resultado da análise do seu produto.

Quanto aos outros 6 produtos que dizem não conter formol, o teste comprovou: só alisam os fios porque, ao serem aquecidos, liberam formol!

“Dá a impressão pro consumidor que ele está livre dos riscos do formol, o que não é verdade”, explica  a professora.

Vamos entender o que acontece. O produto, quando é passado nos fios, de fato ainda não tem formol. Ele vai penetrando nos cabelos durante o tempo de espera recomendado pelos fabricantes. Mesmo que o cabelo seja enxaguado após a aplicação, os fios já absorveram os componentes. Quando as mechas recebem o calor do secador e da prancha, o produto sofre uma reação química.

O aquecimento provoca uma quebra, uma decomposição dos componentes, liberando o formol que estava escondido dentro deles. Por isso que as empresas indicam o uso do secador e da prancha.

Loja: Você secou, é pranchar mecha por mecha.

Só assim o formol vai aparecer e dará o aspecto liso.

“Se você aplica o calor num creme, num produto que está no cabelo, você vai liberar mais formol. Se você aplica num cabelo enxaguado, você vai liberar menos formol. Mas vai liberar formol”, explica o químico Daniel Barreto.

O teste também mediu a quantidade de formol liberado depois do aquecimento.

O resultado:os produtos de seis marcas geraram formol, em níveis superiores ao estabelecido pela Organização Mundial de Saúde.

São várias as substâncias químicas que podem liberar formol. A que tem sido mais usada pela indústria cosmética se chama ácido glioxílico.

Três produtos analisados pela UFRJ contêm este componente.

Salão: O ácido glioxílico veio exatamente pra isso, pra substituir o formol com mais naturalidade.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária alerta: Se tiver escrito ácido glioxílico, não use o produto.

O ácido glioxílico, e outras substâncias que produzem formol, são difíceis de reconhecer. Isso porque elas não têm o cheiro característico do formol. Muitos dos vendedores usam isso como propaganda.

Salão: A nossa realmente não tem formol. Você vê pelo cheiro.

Salão:Tem cheiro de fruta, não tem?

“Eles exageram no perfume com fragrâncias que consigam mascarar”, explica o químico.

E atenção aos sinais de incômodo durante o uso.

“Observar se tem lacrimejamento, irritação dos olhos, ardência na garganta, tosse”, destaca a professora.

Se os riscos do formol já são grandes, eles aumentam para crianças e grávidas.

Veja a orientação que uma cabeleireira dá para nossa produtora.

Salão:Se ela passar mal para ter bebê, já tá com oito meses, já está aí pra nascer, entendeu? Sem problema. Depois nasce, fica legal...

“O risco de prematuridade é um risco gravíssimo associado com uma série de outras complicações, como por exemplo, a própria paralisia cerebral, complicações fetais e pro recém-nascido, tão graves como a má formação”, destaca o obstetra Paulo Nassar.

Loja: Não tem nenhuma contra-indicação, não tem cheiro forte. Qual a idade?
Fantástico: Nove.
Loja: Pode usar, não tem problema.

“A pele da criança é mais fina do que a pele do adulto, então isso favorece uma maior absorção das substâncias que são aplicadas nele”, diz a pediatra Kerstin Taniguchi.

Uma mãe achava que tinha escolhido um tratamento seguro para filha. Ficou indignada quando soube do resultado do teste.

“Um absurdo. Já pensou se acontecesse alguma coisa? Tinha que correr para o hospital, e daí?”, diz a mãe Josiane Barbosa.

Revolta também de uma cabeleireira, que passa o dia inteiro exposta a vapores desses produtos.

“Eu sou lesada duas vezes. Eu leso e estou lesando a cliente que está pagando”, diz Andrea Ferreira.

A Anvisa prometeu mais rigor na fiscalização.

“Os fabricantes com certeza eles vão sofrer todas as penalidades previstas em lei. Esse estudo da UFRJ é mais um estudo pra ser somado aos que nós já temos avaliados”.

Os cremes e as mascaras que alisam estão registrados de forma incorreta, segundo a Anvisa.

A agência classifica os produtos em duas categorias.

Os de grau 1 são aqueles que não oferecem risco e não precisam passar por testes de segurança.

Os de grau 2, que incluem todos os produtos destinados a crianças, precisam desses testes.

Os produtos que liberaram formol foram registrados como grau 1. Mas de acordo com a Anvisa, deveria ser grau 2.

“O fabricante burla a regulamentação sanitária, burla a informação que tem que prestar à Anvisa com relação à regularização do produto e propõe um uso indevido. É uma enganação pra população”, completa.

A Ranay, que comercializa o Realing, afirmou, em nota, que o produto é um realinhador capilar e que não cabe à empresa questionar as normas da Anvisa sobre o grau de registro.

E não se manifestou sobre o fato de seu produto liberar formol quando aquecido.

A marca Duetto super cosméticos, da RN, também não comentou a liberação de formol. Em nota, disse que não utiliza substâncias não aprovadas pela Anvisa.

Outra marca testada, a Inoar, que vende o Apple Jelly, afirma que o ácido glioxílico se transforma em outra substância, não em formol.

A Gk Hair Professional disse que repudia a afirmação de que o produto libera formol.

A Lola Cosmetics foi procurada por telefone, mas não quis se manifestar.

Nossa equipe não encontrou o fabricante do produto ultravioleta, da Ky charme.

Ligamos para o telefone disponível no site da empresa, mas a pessoa que atendeu disse que não é responsável pelo produto e se recusou a dar o contato do fabricante.

“Eu não posso passar o telefone de uma pessoa que não me autorizou a te dar o telefone. Já entrei em contato e ele disse o seguinte: o produto está em perfeitas condições de trabalho”, disse.

Esta foi a única fórmula em que o formol líquido já estava presente, antes mesmo do aquecimento.

“Encontrei formol em concentrações acima daquelas permitidas pela Anvisa, que é de 0,2%. Que é a quantidade necessária apenas para conservar o produto.Esse produto ele apresentou 0,9% de formol”, destaca.

Atenção, mulheres: desconfiem sempre de tratamentos definitivos. Na dúvida, não arrisque, como a Josiane vai fazer a partir de agora.

Joseane: Vai ficar com os cachinhos dela.
Fantástico:O que foi, por que você tá reagindo assim?
Filha - Não quero cachinho.
Fantástico - E se você ficar dodói?
Filha - Aí vou ter que parar de fazer mesmo...

“Produto que tem o efeito do liso permanente não tem mágica. Ele vai ter esse tipo de química que vai atuar e vai liberar formol. Não tem mágica”, disse o químico.

Fonte: Site do Fantástico / Miséria

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